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Presépio: um importante símbolo do Natal

Todos nós católicos já fizemos uma visita ao presépio no Natal. E sempre nos emocionamos com a cena do Menino Jesus recém-nascido sendo cuidado pela Virgem Maria e por São José, repletos de alegria e fiéis testemunhas do agir de Deus naquele momento.

O Mistério da Encarnação do Verbo Divino se apresenta ao mundo em um ambiente de muita pobreza e simplicidade, características típicas do presépio. E, mesmo assim, aquele cenário é repleto de informações teológicas e espirituais, e tem muito a nos ensinar. 

O presépio assume um lugar significativo, lembrando-nos da maneira humilde, pobre e silenciosa em que o Filho de Deus nasceu. Assim, não importando a forma como ele é idealizado, mesmo sendo montado de maneira simples ou com detalhes sofisticados, nunca deixou de reter as características da humildade do Menino Jesus.

Imediatamente quando vemos o presépio, somos lembrados de que o Filho de Deus nasceu em uma manjedoura, sem nenhum esplendor ou realeza. Frágil, indefeso e dependente de cuidados humanos. Jesus sujeitou-se à natureza do homem. Literalmente o Deus que se fez homem.

 

A felicidade está no presépio

A felicidade também está naquele lugar. Primeiramente em Maria e José, felizes por verem seu primogênito bem e, mais ainda, por verem a promessa de Deus se cumprir em suas vidas.

Os pastores – os primeiros a serem comunicados sobre o nascimento do Senhor – trabalhavam ali perto e também tiveram a oportunidade de adorar o Menino e de ver pessoalmente a salvação que os profetas anunciaram.

O presépio também nos remete ao Jardim do Éden, e mostra um estado de inocência que revela o Criador no meio de suas criaturas. É onde o céu e a terra se encontram novamente e Deus se mistura com seu povo.

No presépio, o conceito de poder é invertido. Poder não significa residir no melhor dos lugares, e Deus usou a humildade da manjedoura para vencer o orgulho do homem, e sua quietude, para vencer o barulho do mundo.

Mesmo da manjedoura, o Filho de Deus exerce muita influência, sendo desde já Rei, mesmo ainda menino. Agora, com Jesus, o presépio ocupa um lugar de destaque na história humana, sobressaindo como a forma que nosso Deus assumiu para nos salvar.

Também somos lembrados de que Jesus seguiu o caminho da manjedoura por nossa causa. Ele realmente queria que tivéssemos acesso a ele, não sendo afastados por seu poder divino. Segundo São Leão Magno, “se Deus não tivesse descido até nós por esta humildade, ninguém poderia ter vindo a ele por quaisquer méritos próprios”. 

O presépio também mostra como a riqueza material e a sabedoria podem ser enganosas. Na maioria das vezes, eles não são realmente o que retratam. A verdadeira grandeza não está neles.

Herodes ficou perturbado com a grandeza do recém-nascido Rei a ponto de cometer infanticídio. Herodes sabia que na verdade não tinha a verdadeira grandeza, então tentou eliminar Jesus.

Hoje, pessoas ambiciosas como Herodes ainda lutam por posições e poder e às vezes mutilam e matam ou fazem ambos para realizar suas ambições. Frequentemente, eles chamam ou arrogam para si mesmos o que não são.

E Jesus já nasce nos ensinando que não perdemos nada sendo humildes. O fato de alguém não utilizar símbolos pomposos para afirmar sua autoridade não significa que seja fraco. 

O humilde ganha algo grande: ganha a aprovação de Deus para a verdadeira grandeza que consiste no que Deus pensa sobre ele ou ela, não é o que a pessoa diz ou o que os outros acham. A humildade não custa nada, mas compra tudo. O Natal, portanto, permanece um momento especial para celebrar a humildade do Filho de Deus que se fez homem para salvar a humanidade.

O Santo Padre, o Papa Paulo VI, dizia que “o presépio é construído não só como elemento figurativo litúrgico, mas também como cena representativa popular, que nunca mais deixará de exercer influxo na fé, na piedade, na arte e no sentimento do povo cristão, com uma simpatia encantadora e uma alegria especial para as crianças, os pobres, os humildes, as famílias e os santos”.

A vista do Menino Jesus no presépio, acima de tudo, cumpre o seu papel de evangelização, agindo em conjunto com todas os outros presépios montados pelo mundo, comunicando a todos uma verdade absoluta: “nasceu o Menino, Jesus está conosco e veio nos salvar!”. 

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Amoris Laetitia: a vocação da família

Em Amoris Laetitia, exortação apostólica de 2016, o Papa Francisco direciona suas palavras às famílias católicas de todo o mundo. Em um texto escrito de forma agradável, muito envolvente, bem ao estilo do Sumo Pontífice, o Papa direciona palavras de conforto às famílias que vivem em circunstâncias dolorosas e difíceis e palavras inspiradoras àquelas que vivem firmemente os valores do Evangelho, testemunhando, de forma crível, a beleza do matrimônio como indissolúvel e perpetuamente fiel. 

A Amoris Laetitia é uma exortação que busca tocar nos sentimentos e estimular a imaginação, fazendo com que seus leitores consultem o documento com maior frequência. 

No capítulo 2, o Papa Francisco escreve sobre as experiências vividas pelas famílias de hoje, mencionando os muitos desafios enfrentados por elas, abordando sobre a confusão causada pelo individualismo desenfreado e a negação ideológica das diferenças entre homens e mulheres, os danos infligidos pela pornografia e abuso, e as necessidades especiais de pais com crianças com deficiência. O Santo Padre afirma que “as situações que nos preocupam são desafios. Não devemos ficar presos a desperdiçar nossa energia em lamentos tristes, mas sim buscar novas formas de criatividade missionária. Em cada situação que se apresenta, a Igreja está consciente da necessidade de oferecer uma palavra de verdade e esperança”.

O quarto capítulo, dedicado a falar sobre o amor em família, o Papa Francisco diz que três palavras precisam ser usadas com frequência no ambiente familiar: “por favor”, “obrigado” e “desculpe”. E segue o seu ensinamento ao dizer que “em nossas famílias, quando não formos arrogantes, pergunte: ‘Posso?’; em nossas famílias quando não somos egoístas e podemos dizer: ‘Obrigado’; e em nossas famílias quando alguém percebe que fez algo errado e é capaz de dizer ‘Desculpe!’, nossa família experimenta paz e alegria. Não sejamos mesquinhos no uso dessas palavras, mas continuemos repetindo-as, dia após dia. Pois certos silêncios são opressivos, mesmo às vezes dentro das famílias, entre maridos e mulheres, entre pais e filhos, entre irmãos. As palavras certas, ditas na hora certa, diariamente protegem e nutrem o amor”.

A fim de oferecer “uma palavra de verdade e esperança”, os próximos cinco capítulos baseiam-se fortemente nas Sagradas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja encontrados no Magistério, especialmente naquele do Papa Paulo VI (por exemplo, Humanae Vitae), Papa João Paulo II (Familiaris Consortio e a Teologia do Corpo), o Papa Bento XVI (Deus Caritas Est) e o Catecismo da Igreja Católica. Desta forma, o Papa Francisco nos convida a compreender a Amoris Laetitia como uma forma de continuidade de pensamento, com a sabedoria e a prática pastoral que nos chegam na tradição viva da Santa Igreja.

A Amoris Laetitia frequentemente volta ao tema das crianças, falando delas como “pedras vivas” da família, “um dom de Deus ser acolhido” e “nunca roubado de sua infância e futuro”. 

Todo o capítulo 7 é dedicado à educação das crianças. Os pais encontrarão aqui muitos conselhos oportunos; por exemplo: “os pais precisam considerar que eles querem que seus filhos sejam expostos, e isso necessariamente significa se preocupar com quem está proporcionando seu entretenimento, quem está entrando em seus quartos através da televisão e aparelhos eletrônicos, e com quem eles passam seu tempo livre”.

O capítulo final é dedicado à espiritualidade do casamento e da família. Nesta parte, o Papa Francisco encoraja os membros “a contemplar nossos entes queridos com os olhos de Deus e ver Cristo neles”. Então, ele encerra com esta perspectiva útil: “nenhuma família desce do céu perfeitamente formada; as famílias precisam crescer e amadurecer constantemente na capacidade de amar. Todos nós somos chamados a continuar lutando por algo maior do que nós mesmos e nossa família. Que nunca desfaleçamos por causa de nossas limitações, nem deixemos de buscar aquela plenitude de amor e comunhão que Deus oferece diante de nós”.

Vamos amar uns aos outros com o amor que nos vem de nosso Pai celestial e nos torna uma família em Seu Filho.

A íntegra do documento pode ser consultada em: www.vatican.va/content/francesco/AmorisLaetitia

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O que a Bíblia fala sobre as crianças?

Uma análise detalhada do texto bíblico, tendo como ponto de atenção principal a figura das crianças, é capaz de nos revelar que os pequenos são muito importantes na Bíblia. As crianças desempenham um papel valioso conforme a mensagem bíblica é revelada.

Não há dúvidas: Deus ama e protege as crianças. E a Bíblia demonstra que elas são muito habilidosas em entender as coisas de Deus. 

O Senhor, por diversas vezes, utilizou as crianças como mensageiras e modelos (1 Sm 3, 1-14). Principalmente em momentos em que os adultos estavam desviados, infelizmente comprometidos com o pecado, ao ponto de se tornarem incapazes de ouvir o chamado de Deus e atendê-Lo.

A Bíblia, no Novo Testamento, conta que os próprios discípulos mantinham entre si uma discussão tola sobre quem entre eles seria o maior no Reino por vir. Jesus, de forma muito sábia, pegou uma criança em seus braços e declarou: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.” (Mt 18, 1-3)

No mesmo relato bíblico é possível apreciarmos um pouco mais sobre a sabedoria de Jesus e o seu apreço pelos pueris. Não é comum colocar crianças como exemplos em discussões sérias.

Mas Jesus, sempre preocupado em educar e ensinar, além de ser muito afável com as crianças, presta-lhes a devida atenção e respeito ao inseri-las e eternizá-las neste ensinamento.

As crianças e seu destaque nos textos da Bíblia

A Bíblia ensina claramente que é preciso levar as crianças a sério, porque com certeza Deus o faz. Isaque, Samuel, Davi, Miria e o próprio Jesus, entre outros, são citados nas Escrituras em momentos de suas vidas em que eram crianças.

O Salmo 127 as apresenta como uma bênção de Deus às famílias. Já o Salmo 8 reconhece-as como grandes adoradoras de Deus, considerando esse um dom natural que elas têm, e não algo que apenas se desenvolva com o seu crescimento. 

Muitos dos graves problemas que elas são vítimas nos dias de hoje já existiam à época dos textos bíblicos. Os profetas sempre agiram contra as ofensas praticadas contra as crianças.

As Escrituras mostram que Deus não está alheio aos seus problemas. Em Deuteronômio 10, 18, a Bíblia mostra que Deus está atento à causa dos órfãos, por exemplo. Em diversas outras passagens do Antigo Testamento, é relatado que Ele é o protetor daqueles abandonados por seus pais.

Momentos da Bíblia em que as crianças são destacadas

Deus escolheu vir ao mundo para revelar-se primeiramente como um bebê e como uma criança 

Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo como uma criancinha pequena e indefesa. Isso nos faz remoer nossos próprios preconceitos. Sabemos que um bebê é pequeno, sem forças, dependente de cuidados e vulnerável.

Os Reis Magos, possivelmente homens de grande cultura, acostumados a ver riquezas diversas, atravessaram uma grande distância para ver o Messias de Deus. Encontram uma manjedoura e quem estava nela? Uma criança. (Mt 2, 1-2)

Os anjos da guarda das crianças têm um acesso especial ao Pai

É isso que está sendo dito em Mateus 18, 10 – e mais uma vez na voz de Jesus – sobre os cuidados dos anjos para com as crianças: “os anjos dos pequeninos contemplam sem cessar a face de meu Pai”. 

Os adultos devem amar, respeitar e receber as crianças

Jesus demonstrou para nós sua preocupação pelas crianças com uma abordagem própria. Ele insistiu que seus discípulos recebessem as crianças e que não as atrapalhasse a se aproximarem dele. “Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais.” (Mt 19, 14)

Os pais são os cuidadores primários das crianças

É responsabilidade dos pais cuidar de suas crianças e o Senhor confirma isso ao dizer que elas serão abençoadas se os honrarem. (Ex 20,12)

Deus quis que seu filho fosse criado por uma família: a Virgem Maria e São José (Lc 2, 48). A vivência de Jesus, ainda como criança, ensina sobre o modelo perfeitamente idealizado pelo Criador para que as crianças nascessem nesse mundo: acolhidas pelos braços de um pai e de uma mãe.

Mais uma vez a figura de uma criança é utilizada na Bíblia para comunicar uma vontade de Deus ao seu povo.

Jesus também manifesta uma grande consideração em relação à capacidade das crianças de entender a fé. 

O próprio Jesus é visto deixando maravilhados os anciãos religiosos do templo (Lc 2, 42-51) com sua sabedoria, quando ainda era um menino de 12 anos de idade. Ele também chamou a atenção dos sacerdotes e dos mestres da lei quando estes o questionaram sobre o louvor vindo da parte das crianças – que gritavam no templo “Hosana ao filho de Davi” – e a consideração delas para com Jesus. (Mt 21, 16)

Jesus, ensinando sobre arrependimento e juízo, mostrou muita admiração pela sabedoria de Deus Pai ao dizer “eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequenos”. (Mt 11, 25)

Leia também: Beata Imelda Lambertini e o amor puro pela Eucaristia

A Bíblia diz muito sobre as crianças. A Palavra de Deus nos ensina a não subestimarmos a capacidade delas de absorver, compreender e serem nutridas pelos ensinamentos divinos. 

A figura da criança é utilizada sabiamente pelos textos bíblicos para nos ensinar sobre pureza, inocência, amor pela família e nos ilustrar todas as características que Deus quer que seus filhos tenham para viver com Ele no Reino dos Céus. 

Inclusive, a leitura da Bíblia pelas crianças, principalmente das passagens que as têm como personagens, deve ser incentivada para que elas possam utilizar o texto bíblico para refletir sobre si mesmas e aprender a mensurar sobre o amor de Deus por elas.

Por fim, pode ser que ainda seja misterioso aos nossos olhos, mas as crianças são um grande sinal sobre o Reino de Deus que está por vir: “o lobo será hóspede do cordeiro, o touro e o leão comerão juntos, e uma criança pequena os conduzirá.” (Is 11, 6)

São Luís e Santa Zélia Martin.

Como educar os filhos para o Céu segundo São Luís e Santa Zélia Martin

Antes de partir para a vida eterna em 1897, em sua autobiografia, “A história de uma alma”, Santa Teresinha do Menino Jesus, a caçula da família Martin, afirmou que “Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do Céu do que da Terra”. Suas palavras referiam-se a São Luís e Santa Zélia Martin, seus pais, que foram para ela e suas irmãs um sinal da extraordinária graça de Deus e de Sua poderosa ação nas famílias.

Ela é uma voz perfeita para testemunhar sobre o bem que a fé de seus pais fez à sua vida e às de suas irmãs. A Família Martin é prova de que o amor pelo divino e o zelo pelos pequenos detalhes, singelos e que agradam a Deus, são um caminho para uma vida santa e que a família e todos os seus membros podem sim conviver juntos com o objetivo de serem todos santos.

São Luís e Santa Zélia Martin: conviver para viver no Céu

São Luís e Santa Zélia Martin casaram-se na pequena Alençon, França, em 1858. Desde o início do matrimônio, a rotina do casal era repleta de responsabilidades como pais, cônjuges, empresários, proprietários e empregadores.

Eles foram abençoados por Deus com o nascimento de nove filhos, mas sofreram ao enfrentar a perda de quatro deles, três precocemente por doenças surgidas na infância e Helene, de 5 anos, durante a Guerra Franco-Prussiana. As cinco filhas sobreviventes foram Céline, Teresa, Leónie, Pauline, Marie-Odile e Marie-Mélanie

Todas consagraram-se à vida religiosa como freiras e, atualmente, estão em diferentes etapas dos processos de canonização, fase já atingida por Teresa e seus pais. As pessoas que conheciam os Martin afirmavam que eles enfrentaram muitas adversidades, mas sempre permaneceram tranquilos e confiantes no agir divino, praticando a caridade e servindo aos mais necessitados e à Igreja.

Semelhante a muitas famílias de nossos tempos, os Martins levavam uma vida muito ocupada, mas estruturavam seus dias em torno dos pilares de atividades importantes, seja na missa diária, nas orações ou no tempo em família.

Nesses gestos reside a beleza da fé do casal São Luís e Santa Zélia Martin: eles não viviam uma vida santa de forma isolada, mas inserida na própria família. Nesse contexto, também foram auxílio aos irmãos em Cristo e inspiração para as famílias cristãs até os dias de hoje.

A forma como suas filhas foram criadas acabou sendo determinante para que elas almejassem a santidade e quisessem viver a fé todos os dias, fazendo disso uma prova de amor a Deus. 

As perdas e o sofrimento não os afastaram de Deus

As enfermidades assolaram a rotina da família Martin, mas nunca foram motivo para que a fé da família fosse abalada. As doenças faziam os membros recordarem que a passagem por essa vida é breve, e que os desafios a serem superados faziam parte do caminho a ser seguido para chegar ao Céu.

Certa tarde, sob o cenário aterrorizante da guerra, Zélia Martin estava sentada em casa, embalando sua filha Helene no andar de cima, quando observou a pequena, que estava doente, olhar para cima e sussurrar que logo ficaria boa. Fechando os olhos logo na sequência, faleceu.

Quando chegou em casa e viu sua filha morta, Luís começou a chorar de tristeza. Apesar da dor, estavam sempre juntos, e, naquele momento, ofereceram a alma da filha a Deus.

Isso significa que o casal permitiu que Deus transformasse seus corações para ver o fruto do sacrifício. Uma vez, Zélia escreveu para sua cunhada que “de uma forma ou de outra, temos que carregar nossa cruz.

Dizemos a Deus: ‘Não quero isso’ e muitas vezes nossa oração é respondida, mas muitas vezes também é para nosso infortúnio. É melhor aceitar pacientemente o que nos acontece. Há sempre alegria ao lado da dor”.

Zélia Martin faleceu quando suas filhas ainda eram muito novas, o câncer levou a matriarca da família, deixando Luís responsável pelos cuidados com as meninas. Ele decidiu mudar-se de cidade, para viver próximo dos seus parentes e assim ter algum amparo com elas. Com o tempo, todas foram entregando suas vidas a Deus e seguindo os passos como religiosas consagradas.

Luís Martin, quando suas filhas já eram adultas e estavam no convento, foi acometido por doenças mentais que lhe causavam alucinações. A esquizofrenia trouxe muito sofrimento aos últimos dias dele na Terra, mas, como um homem de fé, suportou tudo confiante na vontade de Deus para sua vida.

O casal foi canonizado no ano de 2015, pelo Papa Francisco, em cerimônia conjunta, sendo o primeiro da história da Igreja a atingir tal feito. Santa Teresinha é uma das mais populares do catolicismo, ao ponto de ser considerada pelo Papa São Pio X “a maior entre os santos dos tempos modernos”. Leonie Martin já é considerada Serva de Deus e tem o seu processo de canonização em andamento. 

O Colégio São Paulo Apóstolo sempre afirmou que a sua missão é educar as crianças para o Céu. Ou seja, além do conhecimento, a santidade deve ser o objetivo dos nossos alunos. 

E já que a família é o primeiro lugar em que a educação deve ocorrer, uma família tão especial como a família Martin deve ser lembrança constante para todos os lares cristãos do mundo como forma de recordar o convite feito por Deus: sermos santos e vivermos com Ele para sempre no Céu.

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A oração que São Tomás de Aquino fazia antes de estudar

São Tomás de Aquino foi uma das mentes mais brilhantes que a humanidade conheceu. Como homem de grande fé, colocou todo o seu conhecimento a serviço de Deus, sendo hoje considerado doutor da Igreja, título concedido àqueles que contribuíram com sua sabedoria para que os valores cristãos fossem dissipados pelo mundo.

São Tomás de Aquino sabia da importância de rezar em todos os momentos, inclusive antes dos estudos. A oração abaixo foi recitada pelo santo inúmeras vezes, sempre antes de estudar, como forma de pedir a Deus auxílio durante o aprendizado.

Oração para rezar antes dos estudos | São Tomás de Aquino

“Criador inefável, que, no meio dos tesouros da vossa sabedoria, elegestes três hierarquias de anjos e as dispusestes numa ordem admirável acima dos céus, que dispusestes com tanta beleza as partes do universo, vós, a quem chamamos a verdadeira fonte de luz e de sabedoria, e o princípio supereminente, dignai-vos derramar sobre as trevas da minha inteligência um raio de vossa clareza.

Afastai para longe de mim a dupla obscuridade na qual nasci: o pecado e a ignorância. Vós, que tornais eloquente a língua das criancinhas, modelai a minha palavra e derramai nos meus lábios a graça de vossa bênção.

Dai-me a penetração da inteligência, a faculdade de lembrar-me, o método e a facilidade do estudo,a profundidade na interpretação e uma graça abundante de expressão.

Fortificai o meu estudo, dirigi o seu curso, aperfeiçoai o seu fim, vós que sois verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e que viveis nos séculos dos séculos. 

Amém.”

São Tarcisio

São Tarcísio, o jovem mártir da Eucaristia

Dar a própria vida para proteger a Eucaristia. Pensar nas necessidades do próximo, mais do que em si mesmo.  Ser um instrumento para que Deus possa chegar até as pessoas. Todas essas ações foram feitas por São Tarcísio, que não hesitou em instante algum em fazer o seu melhor, por amor a Deus e aos irmãos.

A história de São Tarcísio 

Em Roma, nos primeiros séculos da história cristã, não era fácil assumir e professar a fé em Jesus Cristo. Por isso, converter-se à fé católica era praticamente sinônimo de ser ferozmente perseguido e condenado.

Os cristãos da época buscavam meios para se proteger disso, inclusive a Santa Missa era celebrada em total segredo e os encontros aconteciam às escondidas, longe dos olhos dos algozes. Até mesmo passagens subterrâneas foram construídas e criptas eram utilizadas para enterrar os mortos devido ao agravar da situação.

Essa era justamente a época em que São Tarcísio viveu. O imperador era Valeriano, marcado pelo seu ódio a tudo o que se referisse a Jesus e pela crueldade com que o seu exército agia.

Os cristãos eram por ele acossados, presos em locais insalubres e mortos das formas mais violentas, sempre por causa da fé. Em suma, o imperador e seus soldados assistiam ao sofrimento dos cristãos em arenas, como o Coliseu de Roma, fazendo da dor deles um triste show de entretenimento.

Apesar do cenário desolador, os cristãos suportavam tudo com serenidade e aguardavam pelo martírio sem negar a fé em Jesus Cristo um segundo sequer. Um desses grupos de presos cristãos à espera da morte, inclusive sendo composto por bispos e padres, teve o desejo de estar com Jesus, enviando um pedido por carta à comunidade cristã mais próxima para que levassem até eles a Sagrada Eucaristia pela última vez. 

A coragem de Tarcísio 

A missão era extremamente perigosa, mas Tarcísio, um jovem de apenas 12 anos, e uma das crianças que auxiliavam no altar da Missa, corajosamente se ofereceu para levar o sacramento até os irmãos na fé. O jovem acreditava que, por ser pequeno, despertaria pouca atenção dos soldados do império e chegaria com mais facilidade até o local das prisões.

O bispo reconheceu em Tarcísio alguém com especial zelo pela Eucaristia e confiou ao menino algumas hóstias consagradas, cuidadosamente embrulhadas por um pano e guardadas em uma caixa, oculta por um tecido.

O jovem ouviu as instruções do bispo dizendo para que ele evitasse as ruas lotadas, lembrasse sempre das promessas feitas por Jesus e que protegesse fielmente a Eucaristia. Tarcísio respondeu que preferia morrer a entregar o Senhor, e partiu para a sua missão segurando as hóstias fortemente junto ao peito.

 

“Como você é bom por me escolher como o seu pequeno mensageiro, Senhor.”

Tarcísio seguiu em sua jornada por uma estrada antiga, conhecida como “Via Ápia”, levando consigo a Eucaristia. Em meio aos passos apressados, sussurrava carinhosamente: “querido Jesus, como eu te amo. Como você é bom em me escolher como seu pequeno mensageiro. Com boa vontade eu sofreria e morreria por você, como essas boas pessoas na prisão. Talvez um dia você me deixe dar minha vida por você também”.

No meio do caminho, Tarcísio se deparou com um grupo de pagãos, perseguidores de cristãos, que o chamaram. No entanto, o jovem disse que não poderia parar para atendê-los por estar ocupado com uma missão.

As pessoas ficaram curiosas com o que seria, principalmente com aquilo que ele levava tão zelosamente junto ao peito e pediram que ele as mostrasse. Contudo, Tarcísio recusou; as pessoas ficaram furiosas e agarraram o menino.

“Jesus, fortalece-me!”, sussurrou o jovem, sendo ouvido por uma das pessoas que logo o acusou “ele é cristão!”, o que deixou os perseguidores ainda mais bravos e curiosos pelo objeto que Tarcísio carregava, pois deduziram que podia ser algum tipo de artefato cristão.

As pessoas começaram a agredir o jovem impiedosamente, com pedras e chutes, mas o menino seguia sem soltar a Eucaristia, afavelmente protegida ao peito, apesar de todo o sofrimento. Um homem que passava perto, quando avisado que o menino era um cristão, foi ao local e desferiu nele um golpe violentíssimo, que deixou Tarcísio muito ferido. 

Um soldado viu a cena, foi ao local e repreendeu as pessoas por estarem agredindo um menino. O soldado também era cristão, mas professava sua fé escondido.

Inclusive, reconheceu Tarcísio, pois já esteve com ele nas Missas das catacumbas. Pegando nos braços o jovem e o seu tesouro, os levou até um local seguro.

A morte do pequeno menino

“Estou morrendo, mas mantive Jesus seguro deles. Por favor, leve isso até à prisão, aos nossos irmãos, por mim.”, pediu o jovem. O soldado pegou as hóstias e foi levá-las aos cristãos prisioneiros.

São Tarcísio morreu no local em decorrência dos ferimentos sofridos. Após um tempo, os cristãos foram ao lugar recuperar o seu corpo para dar-lhe uma digna sepultura.

Pouco tempo depois, São Tarcísio foi enterrado nas Catacumbas de Calisto, bem próximas ao local onde sofreu o martírio. Séculos depois, suas relíquias foram transferidas, por ordem do Papa Paulo I, para a Basílica de São Silvestre, a mais solene do Vaticano à época, onde até hoje repousam embaixo do altar principal. 

Sua história ficou muito conhecida quando o Papa Dâmaso I escreveu em seu túmulo o seguinte poema:

Tarcísio estava carregando a Eucaristia, pretendia levá-la aos cristãos presos em Roma.
Quando estava caminhando pelas ruas, foi cercado por pagãos curiosos.
Ele não permitiu a profanação do Sagrado Sacramento.
Não entregou  sua carga e preferiu a morte, que veio por pedradas e pauladas.”

Ninguém é pequeno demais para amar intensamente a Deus e São Tarcísio confirmou, com o sacrifício de sua tão jovem vida, que “ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (João 15, 13). Ele morreu defendendo a Eucaristia e o fez com plena consciência. Seu nome foi inscrito no Martirológio Romano e sua festa litúrgica é celebrada no dia 15 de agosto.

Atualmente, São Tarcísio tem a sua devoção largamente difundida no mundo inteiro por ser considerado o padroeiro dos coroinhas, os jovens consagrados ao serviço do altar, e serve como inspiração aos jovens católicos.

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Jesus Cristo, o maior de todos os educadores

Quando voltamos nossa atenção a Jesus Cristo, Senhor e Salvador dos homens, tendo como ponto de vista a educação cristã, não nos deixa dúvidas de que o Mestre foi quem mais contribuiu para o enriquecimento da pedagogia católica. Por causa de suas palavras, ensinamentos e pregações, faz juz, facilmente, ao título de maior educador de todos os tempos.

“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.” (Jo 13, 13)

Jesus foi um educador por excelência. Suas atitudes, sabedoria e ensinamentos, somados à Sua sensibilidade de ir ao encontro de todas as pessoas, as acolhendo, escutando, advertindo e ensinando, possibilitou nova vida a muitos. Além de um educador, foi o maior incentivador para que elas mudassem de vida.

A educação católica perderia totalmente a sua identidade específica se deixasse de lado a centralidade da pessoa de Jesus Cristo. O educador cristão católico é um discípulo que se identifica com Cristo e busca configurar-se com suas atitudes e com os seus ensinamentos que revelam a verdade de Deus, que se faz um com o Filho e com o Espírito Santo.

Jesus Cristo, educador por excelência

Em Jesus Cristo, são diversas as formas de inspiração que os educadores católicos devem trazer em si para compreender como devem relacionar-se com o próximo. Seja no ensino, na aprendizagem, no discernimento, na correção, nas intervenções diante dos problemas, nas crises, na dor, na alegria ou nas situações de pressão, ele deve ser o educador por excelência.

“Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los” (Jo 8, 2)

Jesus foi o tempo inteiro um educador, e os Evangelhos estão repletos de situações onde o Senhor está constantemente ensinando o seu povo: nas ruas, no deserto, nos caminhos, nos montes, na beira de um poço, na casa de amigos, nas sinagogas, no templo, na família, no tribunal, na cruz. Até mesmo o ladrão crucificado ao seu lado teve a oportunidade de conhecer a Verdade anunciada tão precisamente e rapidamente pelo bondoso mestre. (Lc 23, 33-34, 39-43)

“O povo estava maravilhado, pois ele ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas.” (Mc 1, 21-22)

A excelência de Jesus Cristo enquanto educador está totalmente presente no seu ser, desde em suas palavras, até em seu agir. Nele, vemos suas atitudes educativas, sensibilidade pedagógica, conteúdo de ensinamentos, linguagem acessível, percepção crítica, cuidado e compaixão para com todos. Jesus Cristo não é exatamente um professor, mas sim o Mestre dos mestres.

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Uma missão confiada por Jesus aos seus discípulos

Jesus Cristo dedicou-se à formação dos seus discípulos, sempre consciente de que a meta da educação é a conversão. Ele preparava a mente e o coração humanos para acolher a salvação por Ele oferecida.

O Senhor não esperava por seus educandos, mas ia ao encontro deles percorrendo toda a Galileia, entrando nas cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, sempre anunciando o Reino de Deus. Jesus Cristo educou seus discípulos para a dimensão espiritual quando lhes ensinou a rezar e lhes falou do Reino de Deus, despertando neles o compromisso de fraternidade, perdão e partilha (cf. Mt 6, 9-13; 13,1-33).

Muito atento às necessidades das pessoas menos instruídas, Jesus utilizava as parábolas, histórias simples e de fácil compreensão sobre a mensagem central. Elas eram uma forma de ensinar assuntos complexos, permitindo que a Verdade de Deus fosse acessível a todos.

“Por que lhes fala em parábolas?” (Mt 13, 10) 

Jesus foi tão bom em educar as pessoas que estavam na sinagoga, que o povo ficava maravilhado com os seus ensinamentos, cheios de sabedoria, autoridade e feitos maravilhosos (cf. Mt 13,54; Mc 1,27; Lc 4,22).

Humilde e ciente de sua missão, Jesus dizia: “a minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quer cumprir a Sua vontade, saberá se a minha doutrina é de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7,14-17).  Aqui, Jesus nos ensina que o educador católico não ensina aquilo que quer, mas o que vem de Deus e que nos é respaldado pela tradição da Igreja.

A tarefa de educar faz parte da missão que Jesus confiou aos seus apóstolos: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as (…) e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei.” (Mt 28,19-20; Mc 16,15). 

Porém, devemos lembrar que não são apenas os 12 que são discípulos de Cristo. Todos nós o somos e, por isso, levamos em nós a certeza de que esse é o principal objetivo de um colégio confessional católico e de que a missão que Jesus confiou à Igreja certamente tem uma dimensão educativa.

Jesus é o Mestre que se torna o modelo para todo educador. O seu ensino atinge todas as gerações.

Seguindo os seus passos, muitos aprenderam a divulgar a boa-nova do Reino de Deus, inclusive nosso padroeiro São Paulo Apóstolo. Todos somos convidados a uma vida de conversão e ao amor a Deus e ao próximo. 

Como discípulos do maior de todos os educadores, assumimos também este caminho: de educar para o bem e para as virtudes, contribuindo para uma educação solidária, humana e que leve as pessoas a Deus.

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Jogos e internet: o cuidado para não se tornar vício

A era da informática e da tecnologia que vivemos proporciona um fácil acesso às informações e às formas de interação, principalmente por meio de aparelhos digitais, como jamais fora visto antigamente. Os jogos e a internet, dois dos grandes expoentes dessa era, fazem parte do cotidiano de milhões de usuários ao redor do mundo, conectando pessoas e culturas, e sendo uma opção de entretenimento amplamente escolhida por gente de todas as idades, mas tendo uma maior predileção entre os mais jovens.  

Tal cenário tem preocupado profissionais da saúde, educadores e pais, pois o uso compulsivo da internet e dos jogos eletrônicos está prejudicando a saúde de muitos jovens, alarmando a sociedade e reforçando a necessidade de haver mais debates sobre questões relativas à saúde mental e o mal uso das tecnologias.

Vício em jogos e internet é prejudicial

São Francisco de Sales já manifestava sobre isso: “se dás muito tempo ao jogo, ele já não é um divertimento, mas fica sendo uma ocupação” (Filotéia). Como uma forma de alertar os pais, já que a saúde física e mental de nossos estudantes é uma preocupação constante do Colégio São Paulo Apóstolo, indicamos o sinal principal que todos devem ficar atentos.

Caso a criança demonstre uma necessidade de estar na internet ou de jogar em eletrônicos por um período muito além do aceitável para os estudos e lazer, é chegada a hora de buscar ajuda. Santo Tomás de Aquino, sobre esse assunto em sua Suma Teológica (II-II, q. 168), afirma que não é diversão legítima aquela que nos faz cair no vício.

Quando esse uso for demasiado, ela demonstrará que só se sente satisfeita se estiver fazendo uso de smartphones, de computadores e de videogames, objetos que assumirão um lugar de destaque na vida dela. Outro sinal é  relegar as atividades escolares, religiosas ou em família para um segundo plano.

Inquietude, agitação, irritação e sofrimento quando não pode acessar a rede ou jogar também indicam que algo grave está acontecendo. O vício em jogos eletrônicos e internet tende a inserir o usuário em um cenário solitário por causa do isolamento social, já que as relações pessoais são paulatinamente substituídas pela “vida” virtual.

Aos poucos, o interesse por outras atividades vai diminuindo, podendo facilitar o surgimento de outras doenças como a depressão e a ansiedade, além de sintomas como insegurança, baixa autoestima e fobia social.

Para evitar que o cenário se agrave a tal ponto, é importante que a criança seja orientada desde cedo pelos pais e que estes a incentivem na prática das virtudes e na vivência dos sacramentos.

Deixamos o nosso apelo para que os pais estejam sempre vigilantes e incentivem o uso saudável de seus filhos das tecnologias digitais e que não demorem a pedir ajuda quando verificarem que algo de errado possa estar acontecendo com a saúde deles.

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Beata Imelda Lambertini: o amor puro pela Eucaristia

Deus é muito responsivo e receptivo ao amor das crianças pelo sagrado. A beata Imelda Lambertini (Itália, 1322-1333) é um grande exemplo de que, mesmo ainda pequena, a criança pode compreender bem a importância do divino, dedicando sincera devoção a Deus, com um amor que, de tão verdadeiro e puro, pode inspirar a fé de muitas pessoas ao redor do mundo e através dos séculos.

Vamos contar para vocês a impressionante história sobre os 11 anos de vida de Imelda Lambertini, que podem parecer poucos para a experiência de vida humana, mas que foram suficientes para garantir à pequena menina um lugar no Céu.

Beata Imelda Lambertini e a Eucaristia

A beata Imelda Lambertini nasceu em uma nobre família católica de muita fé e praticantes da piedade, na Itália, no ano de 1322. Recebeu uma educação de qualidade desde os seus primeiros anos de vida.

Ela nutriu em si um imenso amor por Jesus e sempre demonstrou enorme interesse pelo sagrado. Uma prova disso é que, ainda bem pequena, organizou um oratório em casa e o utilizava com frequência para rezar. 

Imelda levava no coração o desejo de ser religiosa: sonhava em ingressar no convento das Irmãs Dominicanas. Constantemente ela pedia autorização para o ingresso à madre superiora das religiosas, com o pedido sempre negado, tendo a tenra idade utilizada como argumento para a proibição.

A vontade era tanta que ela não queria esperar a idade necessária para ingressar na vida religiosa; ela queria dedicar-se a Deus de imediato. Em uma conversa com a madre superiora, Imelda disse que vivia bem com seus pais e tinha um imenso amor por sua família, mas que a vida religiosa tinha algo que em muito a atraía: a presença diária de Jesus Cristo no sacramento da Eucaristia e a possibilidade de recebê-Lo na sagrada comunhão. 

O argumento tocou o coração da madre, que foi diretamente aos pais da beata (além de muito católicos, eram seus amigos) pedir para que eles permitissem o ingresso da menina no convento em caráter único e experimental. Os pais autorizaram porque acreditavam que Deus tinha um plano especial para a sua filha. E assim, aos 9 anos e muito feliz, a beata Imelda Lambertini entrou para a vida religiosa no convento dominicano. 

Imelda amava tudo o que fazia parte da rotina do convento, desde os hábitos que as irmãs utilizavam, até os momentos de oração e a missa diária. A pequena menina era muito participativa em todas as atividades religiosas e as irmãs gostavam muito dela.

Durante seus dois anos no convento, Imelda desenvolveu uma grande devoção pela Eucaristia. Adorava com frequência o Santíssimo Sacramento e seu coração se sentia confortado na presença da hóstia santa. 

Desde os 5 anos de idade ela sonhava com o dia em que receberia Jesus Eucarístico. No entanto, ela também era tida como muito jovem para receber sua primeira comunhão. À sua época, não era tão comum que crianças recebessem esse sacramento, normalmente reservado às pessoas com mais de 12 anos.

A sua fé na real presença de Jesus na Eucaristia era tão imensa que ela sempre fazia o seguinte questionamento às suas irmãs religiosas: “como alguém pode receber Jesus em seu coração e não morrer de amor?”. Esse inocente questionamento seria profético para a sua vida.

“Eu vos peço, Senhor: vinde a mim!”

Aos 11 anos, o desejo na alma de Imelda Lambertini de receber o sacramento da comunhão não parava de crescer, e era tão forte que ela orava constantemente para que lhe fosse permitido este grande dom. Dizia ela ao Senhor, na forma de uma suplicante prece: “meu Jesus, dizem-me que, pelo fato de ainda ser criança, não posso comungar. Mas o senhor mesmo disse que ‘deixai vir a Mim os pequeninos’ (Mt 19, 14). Então, eu vos peço que venha a mim, Senhor!”.

A oração, de tão sincera, foi certeira ao coração de Jesus. 

Na festa litúrgica da Ascensão do Senhor, enquanto participava da Missa, Imelda ficou em um espaço em frente ao tabernáculo. O tempo todo rezou fervorosamente ao Senhor para que logo ela também pudesse participar da Comunhão Eucarística junto às suas irmãs religiosas. 

Terminada a Missa, as freiras estavam se preparando para deixar a capela, quando algumas delas se assustaram ao ver um verdadeiro milagre: uma hóstia sagrada pairava no ar exatamente acima de onde Imelda estava, enquanto ela estava ajoelhada, totalmente imersa em oração. As irmãs chamaram o padre, que se apressou, viu a cena, e, com uma patena, protegeu a Eucaristia. 

Diante de tal manifestação milagrosa, o padre entendeu que era a vontade de Jesus que Imelda fizesse sua primeira comunhão ali mesmo. E assim foi feito, o padre pegou a Eucaristia e entregou a Imelda, para que ela comungasse. A pequena recebeu o sacramento com muita gratidão em seu coração e, imediatamente, retornou à sua oração. As irmãs deixaram Imelda sozinha para que ela pudesse fazer sua ação de graças em particular.

Mesmo após algumas horas do ocorrido, Imelda continuou no mesmo lugar, imóvel, em oração. Com o passar do tempo, e como a menina não respondia aos chamados, as freiras começaram a se preocupar e uma delas voltou à capela para verificar como estava Imelda.

Ao chegar, viu a jovem religiosa ajoelhada, em oração, com um leve sorriso de felicidade no rosto. Quando a irmã tocou Imelda no ombro, a menina caiu sobre ela. Estava morta por causa da tamanha felicidade com que recebeu Jesus na Eucaristia.

A presença de Jesus havia sido emocionante demais para o coração da jovem Imelda, que partiu para o Céu logo após comungar. As outras religiosas diziam que ela “expirou em um êxtase de puro amor”. Sua ação de graças havia sido perfeitamente concluída; Jesus era tudo o que mais queria e precisava, e ela não tinha mais nada a desejar. 

O Papa Leão XII beatificou a menina em 1826. O Papa São Pio X, em 1910, a declarou padroeira de todos os que fazem a primeira comunhão. No mesmo ano, a Igreja autorizou que crianças menores de 12 anos pudessem fazer a primeira Eucaristia.

Seu corpo encontra-se incorrupto, muito bem preservado, até hoje, em uma redoma de vidro, na capela de São Sigismundo, na Itália, exposto para a veneração dos fiéis. A sua memória litúrgica é celebrada no dia 12 de maio. Ela é lembrada até os dias de hoje como “a menina que morreu de alegria”.

Beata Imelda Lambertini

A beata Imelda Lambertini compreendeu, ainda bem novinha, e de forma muito instintiva, o que muitos de nós adultos já esquecemos: Deus sabe quando são sinceros os desejos que trazemos no coração e que precisamos nos tornar como crianças para que possamos também entrar no Reino dos Céus. 

O exemplo da beata, que testemunhou a favor de Deus utilizando a própria morte, nos ensina que uma vida, mesmo que breve, muito dedicada à oração e à adoração, pode nos permitir a graça de uma morte santa e de um lugar no Céu, na presença do Senhor Altíssimo. 

E que somente quando nos tornamos descomplicados, e levamos uma fé sincera no coração, nos tornaremos intensa e verdadeiramente eucarísticos.

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9 dicas para que a oração familiar seja bem-sucedida

A oração familiar pode ser um pouco desorganizada, especialmente quando se está começando a dar os primeiros passos e se há crianças pequenas envolvidas. Mas isso nunca deve ser impedimento para que esses momentos ocorram; ao contrário, deve-se buscar evoluir com a prática para aumentar a espiritualidade em família.

Caso a sua família esteja passando por essa dificuldade, saiba que você não está sozinho: várias gerações de famílias cristãs tiveram a mesma experiência. Seu filho está usando o rosário como estilingue? Sua filha adolescente reza com os dentes cerrados?

O mais velho está chutando o de dez anos enquanto você reza o Pai Nosso? Acalme-se: são problemas comuns, principalmente com os jovens.

Para que os seus momentos de oração familiar sejam cada vez melhores, vamos deixar algumas dicas a seguir.

Oração familiar: 9 dicas de sucesso 

1. Criar o hábito

Encontre um horário regular para rezar e faça disso um hábito. Seu tempo de oração familiar pode ser diário ou uma vez por semana, como domingo à tarde ou quarta-feira à noite, por exemplo. 

Os psicólogos dizem que pode levar meses de persistência para desenvolver um hábito. Uma sugestão aos pais é a de ligar a oração familiar a outro hábito cotidiano.

Seus filhos mais novos já têm uma rotina de dormir? Esteja junto deles no quarto para orar. Sua família faz as refeições com todos juntos? Conduza um breve período de oração no início e no final da refeição.

Há outras oportunidades que podem ser utilizadas para a oração familiar: o tempo antes da Missa, o trajeto para a escola, durante o dever de casa e entre outras. Qualquer uma dessas atividades pode ser um motivador para a oração familiar.

2. Começar desde pequenos

Começar quando os filhos ainda são pequenos facilitará que a oração familiar se torne um hábito. Começar com pouco tempo e ir aumentando gradativamente também é uma boa forma.

De início, uma bênção de dez segundos pela manhã será suficiente. Depois aumente para orações que levem cerca de um minuto para serem recitadas. Com o tempo, insira orações espontâneas, incentive-os a rezar que, facilmente, esses momentos de oração familiar durarão cerca de dez minutos.

3. Encontre um estilo de oração que se adapte à família

Experimente diferentes práticas de oração até encontrar uma que funcione para a sua família. Rezar o terço, ler e meditar versículos bíblicos, orações espontâneas, preces de agradecimento, partilhas, enfim: encontre uma forma de oração que se adeque aos membros da família.

4. Deixe as crianças liderarem

Dar às crianças escolhas, sugestões e oportunidades de liderança é uma ótima maneira de envolvê-las e também prepará-las para orar por iniciativa própria.

Enquanto condutoras do momento de oração familiar, as crianças vão se sentir úteis, criarão maior afinidade com os pais e ganharão ainda mais confiança para fazer a oração sempre que solicitadas. 

5. Ore agora, deixe para discipliná-los depois

A menos que as crianças estejam em perigo de se machucar ou de quebrar algo, ignore o comportamento delas e concentre-se em sua própria oração. Se houver pausas constantes durante a oração para corrigir o comportamento delas, a oração familiar será ainda mais prejudicada. 

Ensine-as sobre a importância de se comportar após a oração e deixe claro que a postura dela deve ser melhor durante a próxima vez.

6. Fique com ele para estabelecer novas expectativas

As crianças costumam ser resistentes a novas rotinas ou mudanças nos seus hábitos. Faça com que elas participem da oração familiar, mesmo que resistam inicialmente.

À medida que a oração se torna um hábito e você encontra as práticas de oração que melhor se adaptam à sua família, você começará a ver os frutos de seus esforços.

7. Explique o motivo de estarem orando 

Se seus filhos fizerem perguntas sobre por que estão rezando ou o motivo de estar sendo de uma nova maneira, ofereça a eles uma breve explicação. As crianças são naturalmente curiosas e os questionamentos podem demonstrar interesse por parte delas em se aprofundar no que está acontecendo.

Aproveite as perguntas para oferecê-las conhecimento e explicar sobre a importância da oração para se manter um diálogo com Deus e a harmonia familiar.

8. Seja paciente

No início, pode ser que venha à mente o pensamento: “Na verdade, não oramos. Foi muito bagunçado e apenas recitamos as orações”. Mesmo que você não tenha sentido ou percebido, foi oração, pois todo o esforço feito em direção a Deus foi por Ele recebido. E isso é recompensador e motivador para seguir em frente com a oração familiar, evoluindo a cada dia.

Em um dia, você e seus filhos estarão em oração em família com muita desenvoltura e se descobrirão cercados pela presença de Deus.

A família é o primeiro e principal ambiente no qual devem ser cultivadas as virtudes. Descubra 3 virtudes essenciais para ensinar e trabalhar com os filhos.