Antes de partir para a vida eterna em 1897, em sua autobiografia, “A história de uma alma”, Santa Teresinha do Menino Jesus, a caçula da família Martin, afirmou que “Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do Céu do que da Terra”. Suas palavras referiam-se a São Luís e Santa Zélia Martin, seus pais, que foram para ela e suas irmãs um sinal da extraordinária graça de Deus e de Sua poderosa ação nas famílias.
Ela é uma voz perfeita para testemunhar sobre o bem que a fé de seus pais fez à sua vida e às de suas irmãs. A Família Martin é prova de que o amor pelo divino e o zelo pelos pequenos detalhes, singelos e que agradam a Deus, são um caminho para uma vida santa e que a família e todos os seus membros podem sim conviver juntos com o objetivo de serem todos santos.
São Luís e Santa Zélia Martin: conviver para viver no Céu
São Luís e Santa Zélia Martin casaram-se na pequena Alençon, França, em 1858. Desde o início do matrimônio, a rotina do casal era repleta de responsabilidades como pais, cônjuges, empresários, proprietários e empregadores.
Eles foram abençoados por Deus com o nascimento de nove filhos, mas sofreram ao enfrentar a perda de quatro deles, três precocemente por doenças surgidas na infância e Helene, de 5 anos, durante a Guerra Franco-Prussiana. As cinco filhas sobreviventes foram Céline, Teresa, Leónie, Pauline, Marie-Odile e Marie-Mélanie.
Todas consagraram-se à vida religiosa como freiras e, atualmente, estão em diferentes etapas dos processos de canonização, fase já atingida por Teresa e seus pais. As pessoas que conheciam os Martin afirmavam que eles enfrentaram muitas adversidades, mas sempre permaneceram tranquilos e confiantes no agir divino, praticando a caridade e servindo aos mais necessitados e à Igreja.
Semelhante a muitas famílias de nossos tempos, os Martins levavam uma vida muito ocupada, mas estruturavam seus dias em torno dos pilares de atividades importantes, seja na missa diária, nas orações ou no tempo em família.
Nesses gestos reside a beleza da fé do casal São Luís e Santa Zélia Martin: eles não viviam uma vida santa de forma isolada, mas inserida na própria família. Nesse contexto, também foram auxílio aos irmãos em Cristo e inspiração para as famílias cristãs até os dias de hoje.
A forma como suas filhas foram criadas acabou sendo determinante para que elas almejassem a santidade e quisessem viver a fé todos os dias, fazendo disso uma prova de amor a Deus.
As perdas e o sofrimento não os afastaram de Deus
As enfermidades assolaram a rotina da família Martin, mas nunca foram motivo para que a fé da família fosse abalada. As doenças faziam os membros recordarem que a passagem por essa vida é breve, e que os desafios a serem superados faziam parte do caminho a ser seguido para chegar ao Céu.
Certa tarde, sob o cenário aterrorizante da guerra, Zélia Martin estava sentada em casa, embalando sua filha Helene no andar de cima, quando observou a pequena, que estava doente, olhar para cima e sussurrar que logo ficaria boa. Fechando os olhos logo na sequência, faleceu.
Quando chegou em casa e viu sua filha morta, Luís começou a chorar de tristeza. Apesar da dor, estavam sempre juntos, e, naquele momento, ofereceram a alma da filha a Deus.
Isso significa que o casal permitiu que Deus transformasse seus corações para ver o fruto do sacrifício. Uma vez, Zélia escreveu para sua cunhada que “de uma forma ou de outra, temos que carregar nossa cruz.
Dizemos a Deus: ‘Não quero isso’ e muitas vezes nossa oração é respondida, mas muitas vezes também é para nosso infortúnio. É melhor aceitar pacientemente o que nos acontece. Há sempre alegria ao lado da dor”.
Zélia Martin faleceu quando suas filhas ainda eram muito novas, o câncer levou a matriarca da família, deixando Luís responsável pelos cuidados com as meninas. Ele decidiu mudar-se de cidade, para viver próximo dos seus parentes e assim ter algum amparo com elas. Com o tempo, todas foram entregando suas vidas a Deus e seguindo os passos como religiosas consagradas.
Luís Martin, quando suas filhas já eram adultas e estavam no convento, foi acometido por doenças mentais que lhe causavam alucinações. A esquizofrenia trouxe muito sofrimento aos últimos dias dele na Terra, mas, como um homem de fé, suportou tudo confiante na vontade de Deus para sua vida.
O casal foi canonizado no ano de 2015, pelo Papa Francisco, em cerimônia conjunta, sendo o primeiro da história da Igreja a atingir tal feito. Santa Teresinha é uma das mais populares do catolicismo, ao ponto de ser considerada pelo Papa São Pio X “a maior entre os santos dos tempos modernos”. Leonie Martin já é considerada Serva de Deus e tem o seu processo de canonização em andamento.
O Colégio São Paulo Apóstolo sempre afirmou que a sua missão é educar as crianças para o Céu. Ou seja, além do conhecimento, a santidade deve ser o objetivo dos nossos alunos.
E já que a família é o primeiro lugar em que a educação deve ocorrer, uma família tão especial como a família Martin deve ser lembrança constante para todos os lares cristãos do mundo como forma de recordar o convite feito por Deus: sermos santos e vivermos com Ele para sempre no Céu.