Todos nós católicos já fizemos uma visita ao presépio no Natal. E sempre nos emocionamos com a cena do Menino Jesus recém-nascido sendo cuidado pela Virgem Maria e por São José, repletos de alegria e fiéis testemunhas do agir de Deus naquele momento.
O Mistério da Encarnação do Verbo Divino se apresenta ao mundo em um ambiente de muita pobreza e simplicidade, características típicas do presépio. E, mesmo assim, aquele cenário é repleto de informações teológicas e espirituais, e tem muito a nos ensinar.
O presépio assume um lugar significativo, lembrando-nos da maneira humilde, pobre e silenciosa em que o Filho de Deus nasceu. Assim, não importando a forma como ele é idealizado, mesmo sendo montado de maneira simples ou com detalhes sofisticados, nunca deixou de reter as características da humildade do Menino Jesus.
Imediatamente quando vemos o presépio, somos lembrados de que o Filho de Deus nasceu em uma manjedoura, sem nenhum esplendor ou realeza. Frágil, indefeso e dependente de cuidados humanos. Jesus sujeitou-se à natureza do homem. Literalmente o Deus que se fez homem.
A felicidade está no presépio
A felicidade também está naquele lugar. Primeiramente em Maria e José, felizes por verem seu primogênito bem e, mais ainda, por verem a promessa de Deus se cumprir em suas vidas.
Os pastores – os primeiros a serem comunicados sobre o nascimento do Senhor – trabalhavam ali perto e também tiveram a oportunidade de adorar o Menino e de ver pessoalmente a salvação que os profetas anunciaram.
O presépio também nos remete ao Jardim do Éden, e mostra um estado de inocência que revela o Criador no meio de suas criaturas. É onde o céu e a terra se encontram novamente e Deus se mistura com seu povo.
No presépio, o conceito de poder é invertido. Poder não significa residir no melhor dos lugares, e Deus usou a humildade da manjedoura para vencer o orgulho do homem, e sua quietude, para vencer o barulho do mundo.
Mesmo da manjedoura, o Filho de Deus exerce muita influência, sendo desde já Rei, mesmo ainda menino. Agora, com Jesus, o presépio ocupa um lugar de destaque na história humana, sobressaindo como a forma que nosso Deus assumiu para nos salvar.
Também somos lembrados de que Jesus seguiu o caminho da manjedoura por nossa causa. Ele realmente queria que tivéssemos acesso a ele, não sendo afastados por seu poder divino. Segundo São Leão Magno, “se Deus não tivesse descido até nós por esta humildade, ninguém poderia ter vindo a ele por quaisquer méritos próprios”.
O presépio também mostra como a riqueza material e a sabedoria podem ser enganosas. Na maioria das vezes, eles não são realmente o que retratam. A verdadeira grandeza não está neles.
Herodes ficou perturbado com a grandeza do recém-nascido Rei a ponto de cometer infanticídio. Herodes sabia que na verdade não tinha a verdadeira grandeza, então tentou eliminar Jesus.
Hoje, pessoas ambiciosas como Herodes ainda lutam por posições e poder e às vezes mutilam e matam ou fazem ambos para realizar suas ambições. Frequentemente, eles chamam ou arrogam para si mesmos o que não são.
E Jesus já nasce nos ensinando que não perdemos nada sendo humildes. O fato de alguém não utilizar símbolos pomposos para afirmar sua autoridade não significa que seja fraco.
O humilde ganha algo grande: ganha a aprovação de Deus para a verdadeira grandeza que consiste no que Deus pensa sobre ele ou ela, não é o que a pessoa diz ou o que os outros acham. A humildade não custa nada, mas compra tudo. O Natal, portanto, permanece um momento especial para celebrar a humildade do Filho de Deus que se fez homem para salvar a humanidade.
O Santo Padre, o Papa Paulo VI, dizia que “o presépio é construído não só como elemento figurativo litúrgico, mas também como cena representativa popular, que nunca mais deixará de exercer influxo na fé, na piedade, na arte e no sentimento do povo cristão, com uma simpatia encantadora e uma alegria especial para as crianças, os pobres, os humildes, as famílias e os santos”.
A vista do Menino Jesus no presépio, acima de tudo, cumpre o seu papel de evangelização, agindo em conjunto com todas os outros presépios montados pelo mundo, comunicando a todos uma verdade absoluta: “nasceu o Menino, Jesus está conosco e veio nos salvar!”.